Textos, entrevistas e apresentações

12/04/2024 – Como contestar quem defende a ditadura (Entrevista para o podcast Mamilos)

10/04/2024 – Brasil Paralelo e as narrativas da ditadura militar (Entrevista para o podcast Cliocast)

30/03/2024 – Exumar o passado autoritário (Folha de S. Paulo)

29/03/2024 – Golpe ou revolução: como guerra de versões persiste 60 anos depois de tomada de poder pelos militares? (Entrevista para a BBC News Brasil)

27/03/2024 – Fernando Fernandes e Murilo Cleto discutem a disputa da memória em torno do golpe de 1964 (Entrevista para a Revista Fórum)

27/03/2024 – Brasil Paralelo e o golpe de 1964: falaram a verdade sobre a ditadura? (Entrevista para o Opera Mundi)

26/03/2024 – “Que ditadura é essa?”: a memória da censura no regime militar brasileiro pelas lentes da nova direita (4º Ciclo Ibero-americano de Diálogos Contemporâneos – História, Historiografia e Memória)

06/03/2024 – Novas direitas, memória e revisionismo: como a Brasil Paralelo contou a história do regime militar (Tese de Doutorado)

02/10/2023 – Lei Paulo Gustavo é rara oportunidade a municípios (Folha de S. Paulo)

23/07/2023 – A navalha de Wilson Batista (Brazil Journal)

13/04/2023 – Comentário sobre a onda de ataques a escolas no Brasil (Bastidores do Poder / Rádio Bandeirantes-RS)

10/04/2023 – A última cruzada: tempo e historicidade na série da produtora Brasil Paralelo (Tempo e Argumento)

29/03/2023 – As novas direitas brasileiras e o revisionismo da escravidão negra em Brasil: a Última Cruzada (Lusotopie)

24/02/2023 – After Brazil riots, Lula contends with polarized electorade, possibility of political sabotage (Declaração para o The Globe and Mail)

09/01/2023 – Comentário sobre a Intentona Bolsonarista de 8 de janeiro (Bastidores do Poder / Rádio Bandeirantes-RS)

29/08/2022 – Brazil’s Jair Bolsonaro pins re-election hopes on the global rise of the far right (Declaração para o The Globe and Mail)

21/07/2022 – Bolsonaro mira golpe para atingir acomodação (Entendendo Bolsonaro / UOL)

14/07/2022 – Outubro é logo ali, mas também lá atrás (Folha de S. Paulo)

29/03/2022 – Bolsonaro usou a democracia para implodir consenso sobre a ditadura (Entendendo Bolsonaro / UOL)

07/02/2022 – Olavo de Carvalho deixa vácuo na direita, e ex-alunos divulgam ideias de escritor (Declaração para Folha de S. Paulo)

05/02/2022 – Os rumos da “nova direita” pós-Olavo de Carvalho (Declaração para Folha de Londrina)

26/01/2022 – O futuro do olavismo sem Olavo (Café da Manhã / Folha de S. Paulo)

25/01/2022 – Olavo deu roupagem intelectual ao extremismo que gestou Bolsonaro (Entendendo Bolsonaro / UOL)

08/2021 – A escravidão negra na obra da Brasil Paralelo (Anais do 31º Simpósio Nacional de História / Anpuh)

18/08/2021 – Com Braga Netto, negacionismo da ditadura atinge seu auge (Entendendo Bolsonaro / UOL)

07/2021 – “Sete denúncias”: guerra cultural e retórica antissistema no documentário da Brasil Paralelo sobre a pandemia (In: Covid-19 e a comunicação – Editora UFG)

16/06/2021 – Rir de percaços da vacinação é marca do bolsonarismo online (Entendendo Bolsonaro / UOL)

06/06/2021 – Celebrar João Gilberto é celebrar o que o Brasil tem de melhor (Estado da Arte / Estadão)

05/04/2021 – ‘Bolsonarismo liderou rebelião de antagonismos reprimidos’, diz professor (Entendendo Bolsonaro / UOL)

09/2020 – As novas direitas brasileiras e a experiência colonial em “Brasil: a Última Cruzada” (XIX Encontro Anpuh-RJ)

22/07/2020 – “Sete denúncias” sobre a covid-19 e o sequestro da ciências (Plural) 

19/06/2020 – Weintraub era o maior símbolo do desgoverno Bolsonaro (Entendendo Bolsonaro / UOL)

07/06/2020 – Convulsão no Chile é o álibi de Bolsonaro para ruptura (Entendendo Bolsonaro / UOL)

02/06/2020 – 30 mil mortos: um “grande dia” para Bolsonaro (Entendendo Bolsonaro/UOL)

29/05/2020 – Inquérito do STF é combustível para fantasia antissistema (Entendendo Bolsonaro/UOL)

29/04/2020 – O que Paulo Guedes continua fazendo no governo? (Entendendo Bolsonaro/UOL)

03/04/2020 – Morte indecente (Estado da Arte/Estadão)

29/03/2020 – Cálculo político de Bolsonaro divide oposição e multiplica cadáveres (Entendendo Bolsonaro/UOL)

11/03/2020 – O que defendem, afinal, os bolsonaristas? (Entendendo Bolsonaro/UOL)

26/02/2020 – Bolsonaro sempre sonhou com uma ditadura (Entendendo Bolsonaro/UOL)

20/02/2020 – Caos no Ceará é sintoma da bolsonarização das polícias (Entendendo Bolsonaro/UOL)

19/02/2020 – Caso Adriano: Bolsonaro disputa conspirações para sobreviver politicamente (Entendendo Bolsonaro/UOL)

12/02/2020 – Ataques à jornalista da Folha são raio-x doo bolsonarismo nas redes (Entendendo Bolsonaro/UOL)

26/11/2019 – Paulo Guedes serve a projeto de um novo normal antidemocrático (Entendendo Bolsonaro / UOL)

21/11/2019 – O PT não precisa de autocrítica porque desistiu de disputar voto (Entendendo Bolsonaro / UOL)

09/11/2019 – Libertação de Lula é bom negócio para o bolsonarismo (Entendendo Bolsonaro / UOL)

06/11/2019 – Bolsonaro é o maior “Lula livre” do país (Entendendo Bolsonaro / UOL)

30/10/2019 – Acuado, Bolsonaro aposta últimas fichas na radicalização (Entendendo Bolsonaro / UOL)

28/10/2019 – De Junho a Bolsonaro, documentário revela fim de um Brasil conciliador (Entendendo Bolsonaro / UOL)

17/10/2019 – Bolsonaristas fazem teatro por prisão após 2ª instância (Entendendo Bolsonaro / UOL)

28/09/2019 – Desabafo de avô de Ághata é luta pelo reconhecimento de uma vida (UOL)

22/07/2019 – A hipótese bolsonarista: as trincheiras e as linhas (Revista Lugar Comum)

01/07/2019 – Bolsonaro: um primeiro semestre de teste aos limites institucionais (Entendendo Bolsonaro/UOL)

20/06/2019 – Discurso ambíguo de Moro busca conter perda de apoio (Entendendo Bolsonaro/UOL)

04/06/2019 – O ponta-direita voltou: a relação entre o futebol e o bolsonarismo (Ludopédio)

27/05/2019 – Atos de domingo indicam como e para quem Bolsonaro pretende governar (Entendendo Bolsonaro/UOL)

25/10/2018 – Em que medida a retórica bolsonarista pode ser considerada fascista? (Época)

22/10/2018 – O caixa 2 e os bolsonaristas (Época)

13/10/2018 – Como “Black Mirror” ajuda a entender o fenômeno Bolsonaro (Época)

27/08/2018 – John McCain: o último dos republicanos (Estado da Arte/Estadão)

29/06/2018 – Black Mirror entendeu melhor do que ninguém os justiçamentos na atualidade (Estado da Arte/Estadão)

25/11/2016 – A Cidade de Deus está murada (Justificando)

05/10/2016 – A era da antipolítica (El País Brasil)

13/09/2016 – Temer e a rasteira nas ruas (CartaCapital)

31/08/2016 – A dívida de Temer (Revista Fórum)

26/07/2016 – Entre a mentira e o autoritarismo (Gazeta do Povo)

11/07/2016 – O afastamento da professora que inovou para ensinar Marx revelou a verdadeira face do Escola Sem Partido (Revista Fórum)

28/06/2016 – A história como exercício democrático (Revista Fórum)

16/06/2016 – Homofobia é a palavra certa (Revista Fórum)

28/05/2016 – Filha do Brasil (Revista Fórum)

25/05/2016 – O alerta que vem da Áustria (Revista Fórum)

18/05/2016 – Uma ponte para o passado (Revista Fórum)

10/05/2016 – Imagine (Revista Fórum)

04/05/2016 – Impeachment: expectativa e realidade (Revista Fórum)

28/04/2016 – Uma pergunta simples (Revista Fórum)

26/04/2016 – Democracia em xeque (Revista Fórum)

18/04/2016 – O refúgio dos canalhas (Revista Fórum)

13/04/2016 – O dilema tucano (Revista Fórum)

23/03/2016 – A batalha da narrativa (Revista Fórum)

16/03/2016 – O Brasil de Lula (Revista Fórum)

02/03/2016 – O mercado de notícias falsas na internet (Revista Fórum)

23/02/2016 – (Im)Previsível (Revista Fórum)

12/02/2016 – A proibição de Mein Kampf só interessa a neonazistas (Revista Fórum)

05/02/2016 – Eles não entenderam nada sobre o carnaval (Revista Fórum)

28/01/2016 – Juventude Reacionária (Revista Fórum)

21/01/2016 – Quem tem medo de outra história? (Revista Fórum)

13/01/2016 – Não vai ter impeachment (Revista Fórum)

17/12/2016 – O inimigo do inimigo (Revista Fórum)

10/12/2015 – Já não falta mais nada para outro junho (Revista Fórum)

04/12/205 – Em todo ser humano de Costa Barros corre o mesmo sangue que em Copacabana (Revista Fórum)

26/11/2015 – Pra frente, Brasil (Revista Fórum)

19/11/2015 – Orientalismo e guerra ao terror: uma biografia do fracasso (Revista Fórum)

12/11/2015 – Design Reaça: uma anatomia do pensamento crítico pixelizado (Revista Fórum)

10/11/2015 – Lutar por um dia da consciência humana é bastante cômodo pra quem foi considerado o único humano por séculos (Revista Fórum)

06/11/2015 – #AgoraÉQueSãoElas: A violência que começa dentro (Revista Fórum)

27/10/2015 – O verdadeiro legado de Simone de Beauvoir (Revista Fórum)

22/10/2015 – Doutor Tibiriçá e o pesadelo da não-conciliação (Revista Fórum)

15/10/2015 – O “Escola Sem Partido” e a farsa da ideologia (Revista Fórum)

07/10/2015 – Ensaio sobre o ódio no Brasil do século 21 (Revista Fórum)

02/10/2015 – Janaína Paschoal leva política de whatsapp ao Roda Viva (Revista Fórum)

01/10/2015 – José Dirceu e Dirceu José: uma biografia do presidencialismo de coalizão (Revista Fórum)

25/09/2015 – A cerca e as cruzes (Revista Fórum)

16/09/2015 – A cidade e o movimento: uma anatomia do ódio a Fernando Haddad (Revista Fórum)

09/09/2015 – O arrastão como política de Estado (Revista Fórum)

03/09/2015 – Quem tem medo de Jean Wyllys? (Revista Fórum)

21/08/2015 – O junho que venceu (Revista Fórum)

14/08/2015 – A criminalização da prostituição como sintoma (Revista Fórum)

06/08/2015 – A Era das Celebridades (Revista Fórum)

06/08/2015 – O que não foi dito pelo programa do PT (Revista Fórum)

31/07/2015 – O passado trucidou gaza (Revista Fórum)

24/07/2015 – O homem que queria abortar (Revista Fórum)

22/07/2015 – A ideologia é um delírio (CartaCapital)

13/07/2015 – Blade Runner e o futuro que é aqui (Carta Maior)

08/07/2015 – O linchamento como sintoma (Revista Fórum)

07/07/2015 – Eduardo Cunha e o contrato insuficiente (Carta Maior)

04/07/2015 – Muito além da idade penal (Revista Fórum)

29/06/2015 – É sempre confortável recorrer à fome na África (Carta Maior)

24/06/2015 – Bolsa Família: O Homem Pobre e o Vagabundo (Carta Maior)

19/05/2015 – A Cultura do Condomínio (Desafinado)

13/04/2015 – O Triunfo da Vontade (Desafinado)

30/01/2014 – Medos Privados em Lugares Públicos (Desafinado)

23/01/2014 – Metal Sheherazade (Farofafá)

Entrevistas / Participações

08/10/2018 – Entrevista ao El Mundo sobre o 2º turno no Brasil

03/02/2018 – Entrevista ao Globo sobre ódio e diálogo nas redes sociais

23/05/2017 – Entrevista à Sputnik sobre os áudios de Temer com Joesley Batista

07/12/2016 – Entrevista à Sputnik sobre a relação entre a eleição de Trump nos EUA e a América Latina

07/12/2016 – Entrevista à Sputnik sobre a ascensão da antipolítica no Brasil

18/08/2016 – Entrevista ao Gazeta em Foco sobre a participação dos jovens na política

16/07/2016 – Entrevista à Rede TVT sobre o lançamento do livro Por que gritamos Golpe?

26/06/2016 – Entrevista à agência de notícias do Partido dos Trabalhadores sobre o lançamento do livro Por que gritamos Golpe?

11/09/2015  – Participação no programa Ver TV, da TV Brasil, sobre o ingresso de celebridades na política institucional

 

Mudança na relação com a Crefisa pode ser positiva para o Palmeiras

Acabou o que muitos chamavam de “cheque em branco” para a diretoria alviverde. E isso não é tão ruim quanto pode parecer

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Cesar Greco / Palmeiras

O Palmeiras perde com o aperto do fisco à Crefisa. Não há dúvidas disso. Se antes o risco para contratações era zero, agora passa a ter peso bastante significativo. Mas, no conjunto da obra, a mudança na relação da Crefisa pode acabar sendo boa para o clube.

Para quem não acompanhou o noticiário nos últimos dias, a Crefisa foi notificada pela Receita Federal por não pagar a quantia devida de impostos diante dos investimentos realizados no Palmeiras. Além do patrocínio master, que foi renovado em 2018 para R$ 78 milhões de reais, a Crefisa também já injetou cerca de R$ 130 milhões para ajudar o clube a contratar atletas desde que chegou à Barra Funda. Essa segunda forma de aporte era registrada na receita como “despesas” e, sobre elas, tanto o lucro quanto os impostos eram muito baixos. Se o colombiano Borja, contratado por R$ 33 milhões no início da temporada passada, fosse revendido pelo mesmo valor, o clube devolveria a quantia à Crefisa e ficaria por isso mesmo. Se o contrato do atacante fosse encerrado sem negociação, a Crefisa sequer cobraria o clube. Era uma forma de empréstimo – e a Receita quer receber por isso.

Um destaque importante é que, ao contrário do que se especula, a Crefisa não lucra diretamente — e nem poderia — com a negociação de jogadores.

A partir de agora, a Crefisa passa a cobrar pelo investimento realizado junto ao clube para quaisquer contratações. Isso porque, segundo o entendimento da Receita, a prática deve ser contabilizada como empréstimo mesmo, sobre o qual incidem mais lucros e também, evidentemente, mais impostos. Se o mesmo Borja não for vendido até o fim do seu contrato com o Palmeiras, o clube deve mesmo assim devolver integralmente o valor à empresa.

Ainda assim, no entanto, a mudança forçada pelo fisco pode acabar tendo saldo positivo para o clube.

Primeiro porque as condições impostas pela Crefisa continuam sendo mais do que especiais: juros mínimos, absurdamente abaixo dos 1000% anuais praticados com quem procura a credora em busca de um empréstimo, e o prazo de 2 anos para a devolução.

Segundo porque a diretoria alviverde se obriga a ter mais cuidado na contratação de atletas para evitar uma catástrofe financeira. E de alguma forma isso pode ajudar o clube a não virar escravo da instituição financeira.

O Palmeiras de 2017 arrecadou – importante lembrar aos que debocham de sua autonomia – mais de meio bilhão de reais. Só o Flamengo fatura o mesmo no Brasil.

(Com informações de Rodrigo Capelo, na Revista Época)

O julgamento de Lula no Brasil sem mediação

No Brasil polarizado, o total de pessoas que vão mudar de opinião sobre Lula depois de quarta é 0. Como foi em julho. Para esquerda e antipetismo, a decisão do TRF4 só tem importância utilitária

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Douglas Magno /AFP

Faltam poucas horas pro julgamento que deve sacramentar o destino do ex-presidente Lula. Na quarta-feira, 24, o TRF4 avalia recurso da defesa que contesta a sentença do juiz Sergio Moro, proferida no ano passado. Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva por considerar que a empreiteira OAS lhe presenteou com um apartamento triplex no Guarujá.

Há muita gente bem mais qualificada juridicamente do que eu pra dizer se a sentença está correta ou não e se Lula é realmente culpado. Tenho pra mim que não, mas nesse mérito eu não entro nem por decreto. O que mais chamou a minha atenção, observando com muito cuidado o comportamento das militâncias polarizadas ao longo desses meses todos, foi a relação meramente utilitarista que se desenvolveu com o julgamento.

De um lado, a esquerda que, à exceção do PCO, não tem coragem de – nesse contexto moralista e punitivista – se assumir contrária à Lei da Ficha Limpa e só quer que, independentemente do que decidir o colegiado, Lula seja candidato à presidência em outubro. De outro lado, o antipetismo que enxerga o julgamento de Lula como a oportunidade de barrá-lo nas eleições e de colocá-lo na cadeia.

No interior dessa dinâmica, absolutamente ninguém quer saber o que cada juiz vai dizer pra embasar sua decisão. Foi assim quando Moro julgou. Em instantes as 218 páginas da sentença já estavam rechaçadas de um lado e aplaudidas de outro.

É evidente que decisões judiciais não são absolutas (a própria existência de recursos prova isso) e que o debate em torno delas é saudável pra qualquer democracia. O problema é que o Brasil pós-2013 já não se vê reconhecido em quaisquer instituições. E o que é resolvido por elas serve apenas pra, de qualquer forma, validar uma posição já de antemão estabelecida na performance discursiva.

Se elas decidiram contra a minha causa, é porque estão comprometidas com os poderosos. “Se até elas” decidiram em favor da minha causa, é porque eu estou tão certo que nem elas são capazes de negar. Isso acontece o tempo todo com o Ministério Público, por exemplo. Dia desses ele era, para a esquerda, parte ativa do golpe reacionário que atropela garantias constitucionais mínimas. Depois a posição do MP serviu pra fundamentar a posição de progressistas contra o fechamento da exposição Queermuseu.

De novo, o trauma aqui não está na desconfiança nas instituições. É – insisto também nesse caso – saudável que elas tenham sido dessacralizadas. Acontece que no lugar delas não se colocou nada. E a principal função das instituições, que é a de mediar os sujeitos, desapareceu. Não se media nada num país polarizado como o nosso. Natural que em condições assim a sociedade responda com violência, sob a forma de mais justiçamentos e censura. Nesse cenário, o argumento de uma condenação ou de uma absolvição, sujeito à posição que se ocupa nesse front, não significa nada. Porque aqui o argumento também não significa nada. O total de brasileiros que vai mudar de opinião sobre Lula depois de quarta-feira é 0. Como foi em julho.

O cenário eleitoral de 2018 não é catastrófico apenas porque tem tudo pra ser uma versão caricatural de 1989, como muitos têm sugerido depois do anúncio da pré-candidatura de Collor. Mas porque até aqui ninguém, da classe política ou dos movimentos sociais, apresentou alguma alternativa suficientemente viável pra uma crise desse porte, muito maior do que a que é exibida pelos indicadores econômicos. E pior, a essa altura do campeonato é difícil achar alguém que não seja parte significativa dela.

Pode ser que melhore. Mas tudo indica que, antes de melhorar, ainda vai piorar bastante.

Vitória em Ribeirão Preto ajuda a consolar a eliminação precoce na Copinha

À exceção de um curto período em meados do 1º tempo, o Palmeiras fez uma partida segura contra o Botafogo. O 1×0 ajuda a consolar a eliminação amarga e precoce na Copa São Paulo de Futebol Júnior

Borja

Agência Estado

À exceção de um curto período em meados do 1º tempo, o Palmeiras fez uma partida segura contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no Santa Cruz. Um pouco pelo calor escaldante, um pouco pela falta de ritmo, a vitória de hoje foi mais magra e menos convincente do que a de quinta. E olha que no final a equipe da casa abriu espaço para mais — Dudu desperdiçou duas chances claras. Borja continua tendo muitas dificuldades nos passes — falha grave para o esquema de jogo que Roger propõe –, mas o gol é importante para dar confiança para o atacante que chegou a peso de ouro da Colômbia e até agora não convenceu ninguém. Destaque para a atenção do fundamental Willian, que roubou a bola na saída desastrada de Peri e Lelê.

A vitória de hoje ajuda consolar um pouco a doída e precoce eliminação de sexta na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Difícil falar em injustiça quando um time aguerrido como o da Portuguesa se porta como exige a história do clube e, sem qualquer interferência da arbitragem, avança invicta para as semifinais. Mas, apesar da partida ruim, o Palmeiras de 2018 merecia passar. Não só pelo desempenho na competição, que permitiu à equipe sub-20 do clube vencer com sobras todos os adversários até então, como também, e principalmente, pelo notório trabalho de renovação na base — uma demanda histórica da torcida finalmente atendida pela diretoria.

Em 2017, a base do Palmeiras conseguiu um feito inédito: chegar às finais de nada menos que 5 categorias do estadual: sub-11, 13, 15, 17 e 20. Só nesta semana já foram 5. Hoje de manhã a equipe sub-15 levantou a taça da Copa Brasil em Votorantim. 18 aletas foram convocados para diferentes equipes de base da seleção no ano passado. Paulo Victor, o treinador do sub-15, também foi comandar a amarelinha.

Os resultados em campo são consequência de uma série de medidas adotadas na Barra Funda: o aumento do número de olheiros, de 2 para 5; a criação, em 2014, da Copa Palmeiras, que reúne projetos sociais e escolinhas de futebol para garimpar novos talentos — em 2017 foram 6 (4 fora de São Paulo); e a formação de categorias de iniciação de números pares (sub-14 e 16, por exemplo). O “Manual da Base” chegou para ajudar a mapear características de atletas e orientar diretrizes para o que se espera deles.

A derrota na Copinha foi sentida, claro, porque sua conquista inédita poderia coroar todo esse processo de transformações. Mas, como seu principal objetivo é formar, não dá para dizer que o Palmeiras sai dela completamente frustrado.

Fernando, por exemplo, já deu todos os sinais de que está pronto para o profissional. Só precisa trabalhar melhor a efetividade em jogos decisivos em que o time precisa mais dele. Luan se mostrou uma excelente opção para a ala esquerda, uma das posições mais carentes do futebol mundial. José Aldo demonstrou muita personalidade atuando pelo meio e chegando diversas vezes para marcar. Anderson, que superou um problema cardiáco e voltou voando para debaixo das traves alviverdes, também tem condições de ser relacionado junto a Prass, Jailson e Weverton ou, ainda, de voltar mais maduro após um eventual empréstimo para ganhar experiência. A decepção ficou por conta de Léo Passos, artilheiro promessa do sub-20, que passou em branco durante toda competição e ainda desperdiçou um dos pênaltis na decisão contra a Lusa. O futebol brasileiro forma poucos centroavantes e esse era o principal teste de fogo para o atacante palmeirense.

O grande desafio de Roger Machado é encontrar espaço no time profissional, recheado de medalhões e pressionado por títulos, para testar algumas dessas pérolas e pagar para ver se o raio Gabriel Jesus cai pela segunda vez no mesmo lugar.

O Palmeiras segue 100% em duas rodadas no Paulistão 2018. Parece pouco, mas é a primeira sequência assim desde 2014.

Palmeiras de 2018 tem tudo para ser melhor

É evidentemente muito cedo para projetar títulos, mas o torcedor pode esperar mais do time do que no ano passado

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Fernando Dantas / Gazeta Press

O Palmeiras de 2018 tem tudo para ser melhor do que o de 2017. E são dois os fatores que, reforçados pelo desempenho de ontem na estreia do Paulistão, nos permitem chegar a essa conclusão.

Hoje o clube com o elenco mais caro do Brasil tem condições de apostar na qualidade, e não mais na quantidade, de reforços. Em 2015, quando chegou Alexandre Mattos, foram 25 — a maioria um desastre. Em 2016, 14. No ano passado, foram 12. Em 2018, além de não ter perdido até aqui nenhuma peça vital além da já esperada saída de Mina, o Palmeiras conseguiu reforçar um elenco já bastante qualificado, especialmente em setores flagrantemente deficitários, como era o caso das laterais. Todo mundo que chegou tem condições de jogar. Falta pelo menos mais um zagueiro. A despeito da falha no gol do Santo André ontem, Antônio Carlos fez uma bela atuação.

Roger Machado chegou para implementar um estilo de jogo diferente do que foi no ano passado. No jogo de ontem contra o Santo André, a formação inicial não parecia muito diferente — algo como um 4-1-4-1 –, mas o cuidado com a transição do campo defensivo para o ofensivo está visivelmente mais apurado. Felipe Melo contribui muito para isso, embora continue um tanto irresponsável em algumas entradas que servem para empolgar a torcida, mas que podem comprometer o time diante da arbitragem. Outra coisa que mudou — e que precisa continuar evoluindo — é a flutuação dos jogadores no ataque: Borja passou a maior parte do jogo aberto pela direita, com William centralizado e Lucas Lima, sem a bola atuando como uma espécie de 3º volante, com a bola chegando com agressividade pelo lado esquerdo. A ideia é confundir a defesa adversária, principalmente se ela, assustada com o plantel qualificado alviverde, investir numa marcação individual. Com Scarpa tudo tende a melhorar.

É evidentemente muito cedo para projetar títulos. O futebol brasileiro não precisa mais dar demonstrações de sua competitividade. O Corinthians de 2017 é só o exemplo mais recente do quanto planteis desacreditados podem calar críticos e encher seus torcedores de alegrias. Mas não restam dúvidas de que o torcedor palmeirense tem mais motivos hoje para ser otimista do que foi no ano passado.

Eventos

14/10/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Universidade Federal do Paraná, Curitiba)

01/09/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Faculdades Integradas de Itararé)

17/08/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Instituto Federal de São Paulo – Campus Avaré)

29/07/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Auditório Haru Izumi, Itapeva)

27/07/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Empório do Nono, Campinas)

15/07/2016 – Lançamento do livro “Por que gritamos Golpe?” (Quadra dos Bancários)

27/04/2016 – Debates Contemporâneos: A crise política e o impeachment (Faculdades Integradas de Itararé

28/03/2016 – Debates Contemporâneos: O Desastre Ambiental em Mariana (Faculdades Integradas de Itararé)

25/02/2016 – Debates Contemporâneos: A disciplina de História na Base Nacional Comum Curricular (Faculdades Integradas de Itararé)